O que é mais forte? O amor ou o ódio? Acertaram… é a indiferença! Não falo do amor Agape, do Amor incondicional, mas do amor comummente percebido e vivido, que depende do desejo, das circunstâncias… já perceberam. Tanto o amor como o ódio têm potencial para crescer ou diminuir, para serem um “eu gosto”, “gosto muito”, “tenho uma leve simpatia” ou “não posso com aquela pessoa” (peso à parte), “tenho-lhe cá uma raiva”, “não me apetece nem dar-lhe os bons dias”, várias intensidades, ou níveis, já estão a ver a cena.
Também podem transformar-se um no outro – gosto de ti, ai não gostas de mim, então eu também não gosto de ti -retorcerem-se à nossa volta, confundirem-se, deixando-nos envolvidos, atentos, esperançosos, infinitamente felizes ou sedentos de vingança. Estão a perceber que, como cristãos, a sede de vingança leia-se “clamor pela justiça de Deus”, ou segundo Tiago e João: “queres que mandemos que desça fogo do céu e os consuma…?” (Lucas 9:54)
O amor e o ódio florescem no reconhecimento da outra pessoa, ou pessoas, assim como quem carrega para todo o lado um fardo ou um abraço aconchegante, conforme o caso. São muito reais e têm um peso muito grande no desenvolvimento do carácter, têm propriedades absorventes, podem moldar ou ser moldados pelas circunstâncias, até pelo tempo. Amar e ser amado dá-nos estrutura, corpo, força, presença… assim como odiar e ser odiado – em todos os níveis do sentimento – nos dá corpo, existência.
A indiferença também tem propriedades, mas a principal propriedade é a de criar elementos neutros, direi mesmo elementos nulos.
Ninguém quer ser invisível, por muito que diga o contrário. A indiferença cria invisibilidade. Não sou, não falo, não tenho opinião, não aqueço nem arrefeço, não influencio, sou um zero, um não, um nada. Não gosto, não desgosto, não sinto, não vejo. Estou morta ou sou invisível? Não é a mesma coisa?
E depois, malvada da indiferença, que é contagiosa. Se não vês aquela pessoa em aflição, eu também não, porque se é invisível para ti, é melhor fingir que não a vejo, senão ainda dizem que estou a ver coisas.
Sai da minha frente. Tenho a minha vida. Tu não me és nada. Não preciso de ti nem dos teus problemas. Coloco a máscara e as luvas e combato não o vírus, mas torno-me cúmplice, e fico cega, surda e muda, que são os sintomas do vírus de que estamos a falar. As consequências? Além da invisibilidade, digam-me vocês. Já foram tratados assim, como se fossem invisíveis?
Jesus veio curar-nos do vírus da indiferença. Não veio para vacinar, mas para curar. Ele é a cura. Ele viu os invisíveis, ouviu os ignorados, tocou nos intocáveis, curou os rejeitados, amou os indesejados. (Marcos 10:46)
Ele veio para que eu saiba que não sou invisível, que há um plano para mim, que Alguém me ouve e me abraça quando mais preciso. (João 10:10) Ele veio e abriu os meus olhos para o Amor que nunca falha, e eu abri o meu coração para o Pai que nunca me deixará.